Funcef e Petros cobiçam 10% da Camargo em Jirau
paula.peirao@amazonia.org.br
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Cláudia Schuffner e Ivo Ribeiro
Os fundos de pensão dos funcionários da Petrobras e da Caixa Econômica Federal (CEF) fazem uma nova ofensiva para participar dos projetos hidrelétricos do Rio Madeira, em Rondônia. Petros e Funcef, depois de uma tentativa frustrada de entrar no grupo controlador da usina Santo Antônio, agora estão avaliando a compra dos 9,99% do grupo Camargo Corrêa na hidrelétrica de Jirau.
O grupo construtor e industrial paulista está presente no empreendimento por meio da Energia Sustentável do Brasil, que controla e vai operar a hidrelétrica. O grupo franco-belga GDF Suez é o principal acionista, com 50,1% do capital. Os demais 40% estão em divididos meio a meio pelas estatais Eletrosul e Chesf, subsidiárias da Eletrobrás.
Na época da formação do consórcio para disputar Jirau, foi firmado um acordo entre GDF Suez, Camargo e seus sócios estatais que previa uma permanência temporária do grupo na concessionária. O grupo, que ficou responsável pela obra, entretanto tinha o direto de preferência de transferir a parcela à CPFL Energia, sua controlada. A distribuidora de energia, por se tratar de participação minoritária e devido a seus padrões de retorno, não teve interesse no ativo.
A saída da construtora tem prazo definido: 180 dias desde 3 de junho, quando a usina obteve a licença de instalação.
O presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, confirmou que está analisando o investimento junto com Petros, mas disse que ainda não tem definido quanto valeria o ativo. O fundo contratou a LCA Consultoria para assessorá-lo na avaliação. A obra de Jirau foi iniciada este ano e há intenção de ficar pronta início de 2012.
Com investimento total de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões, o projeto obteve recentemente o maior financiamento a uma única obra da história do BNDES, no valor de R$ 7,2 bilhões - 60% a 72% do desembolso total. A usina terá capacidade de 3.450 MW, com 46 turbinas, informa a empresa.
Segundo fontes do setor, o valor do negócio poderia ficar em torno de R$ 300 milhões. Mas como a usina está em fase inicial de instalação, a grande parte do dinheiro seria na forma de aporte na obra da hidrelétrica. A construtora receberia o correspondente ao seu gasto até a venda.
Segundo Lacerda, a avaliação da LCA levará em conta o fluxo de caixa futuro da Energia Sustentável, outros dados financeiros e padrão de governança. "Temos prazo", diz. Segundo ele, já faz um bom tempo que o fundo se interessou pelo ativo e quer resolver o negócio o mais breve possível.
O presidente da Petros, Wagner Pinheiro, disse ao Valor que provavelmente a parte da Camargo deve ser dividida os dois fundos. Isso daria participação de 4,99% a cada um. Por fatia semelhante, segundo apurou o Valor, o fundo FI-FGTS pagou cerca de R$ 150 milhões ao banco Santander, que se desfez de 50% de sua parte na Santo Antônio Energia, que constrói Santo Antônio.
Pinheiro, da Petros, frisou que o investimento ainda está em fase de análise. Procurada, a Camargo Corrêa não quis se pronunciar sobre a operação de venda.
Os fundos são investidores estratégicos de longo prazo, com folga para aplicar em renda variável. As primeiras tentativas de participarem das usinas do Madeira ocorreram antes do leilão de Santo Antonio, em dezembro de 2007. Na ocasião, procuraram os três consórcios credenciados na disputa. O plano era ter o correspondente a 10% cada um. Depois, tentaram de novo, mas sem sucesso. Jirau foi leiloada em maio de 2008. (Colaborou Josette Goulart, de São Paulo)